quarta-feira, 27 de dezembro de 2006

Processo de Autoclave em embalagem de vácuo na produção de peças de Kevlar para aviões

As fibras de aramido são fibras de poliamida aromática que apresentam como vantagens baixo custo e elevada resistência ao impacto e tracção.

As resinas epoxídicas têm boa adesão a materiais, é uma resina termoendurecivel, com boa resistência química e ao meio ambiente, boas propriedades mecânicas também. Esta resina é aplicada no fabrico de laminados e como matriz nos materiais reforçados por fibras. Este é o material predominante para a maior parte dos componentes de elevado desempenho.

O composto de Kevlar é formado pela associação destes componentes e é um compósito polimérico avançado. Este é o processo mais utilizado na fabricação de compostos poliméricos termoendureciveis. Este processo já foi anteriormente abordado e salientaremos de seguida os principais aspectos deste processo. Suponhamos que estamos a tratar de fibras de aramido em uma resina epoxídica e através deste processo transformaremos a matéria inicial no aileron, estrutura de alto desempenho do recente avião airbus A380. Para obtenção de boas propriedades do material, o processamento deve ser controlado para se obterem peças prontas a serem utilizadas e com as características que lhe são devidas.

Uma das particularidades dos compósitos poliméricos avançados, é que, ao se fabricar um laminado, fabrica-se simultaneamente o material final e o produto.

O material pré-impregnado na fabricação dos laminados de Kevlar aeronáuticos devem ser realizados numa sala climatizada, adequadamente limpa, com a temperatura controlada na faixa 21±3 ºC e a humidade relativa do ar de 60% no máximo.

Esse recinto deve ficar isolado de outras áreas de fabricação, para evitar a entrada de poeiras, mantendo as portas sempre fechadas, abrindo somente quando necessário e no mínimo tempo possível, de modo a conservar o ambiente sempre climatizado e com o ar sempre limpo. Para prevenir a contaminação, os desmoldantes devem ser armazenados em salas separadas. Devem tomar-se os cuidados necessários para impedir que ocorra contaminação do pré-impregnado por partículas e impurezas do ar durante o seu processamento, o que causaria degradação das propriedades físicas, impossibilitando a sua utilização em aplicações de responsabilidade estrutural.

Por sua vez, o ferramental deve ter superfícies polidas para proporcionar aos laminados excelente acabamento superficial. Também todas as arestas devem ser arredondas e polidas para evitar danos na bolsa de vácuo durante a acção de pressão na cura. Além disso, o ferramental deve ser rígido para evitar empenamento e com baixa capacidade térmica, para permitir taxas de aquecimento mais elevadas.

Um dos materiais sugeridos para a fabricação do ferramental é o aço SAE 1020, que assegura aos laminados precisão e estabilidade dimensional. Na obtenção de bons laminados, é imprescindível compactar as camadas com o bolo para eliminar saliências ou rugas, evitar a retenção de ar ou o desalinhamento das fibras. Também todo o cuidado é tomado para evitar que objectos estranhos ao compósito fiquem retidos entre as camadas pois causam a rejeição destes laminados.

A aplicação de vácuo nos laminados é uma operação necessária para se obter a compactação uniforme das camadas e simultaneamente extrair compostos voláteis, solventes de humidade, evitando a formação de porosidades ou vazios, e remover o excesso de resina para evitar a presença de bolsas de resinas puras. Em razão disto, é necessário confeccionar uma bolsa de filme de plástico flexível cujo tipo de material escolhido seja compatível com o tempo de cura e a temperatura, e a espessura do filme seja resistente à pressão.

Na montagem dessa bolsa, além do filme plástico é necessário utilizar materiais auxiliares tais como tecido separador, tecido absorvedor do excesso da resina, tecido canalizador para a remoção de ar, chapa de compactação, tecido superficial removível, bico para o vácuo e fita isoladora para selar a bolsa em todo o contorno do ferramental, como também, para formar uma barreira de controle do excesso de resina.

A excelente qualidade de fabricação que se exige dos laminados estruturais aeronáuticos é conferida pelo controle adequado de resina e pela presença mínima de vazios. Um nível de 2% de vazios é tipicamente considerado como aceitável, mas o nível aceitável pode ser diferente dependendo do material, aplicação e tipo de carregamento.

O acabamento da borda livre é a operação que inclui o processo de fabricação deste tipo de laminados a vácuo e cura em autoclave.

Nos laminados com bordas moldadas esta operação é muito rápida e simples, consistindo em se fazer uma rebarbação manual ao longo da superfície da borda para remover o excesso de resina que flúi durante o ciclo de cura, tomando-se o cuidado para não descaracterizar o contorno geométrico da borda livre.

No fim, uma vez acabados, os laminados são enviados para a inspecção final da qualidade do produto.

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